O importante papel das recicladoras de eletrônicos

Thiago Carvalho

Jornalista & Fundador - Eu Mais Sustentável

O Brasil é um dos maiores produtores de resíduos eletrônicos no mundo. Em média, geramos aproximadamente 2,4 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, sendo o maior gerador na América do Sul e entre os cinco maiores do mundo. Apesar desse volume significativo, apenas 3% desses resíduos são coletados e reciclados formalmente no país. Esse baixo índice de reciclagem é preocupante, considerando que resíduos eletrônicos contêm materiais tóxicos que podem prejudicar o meio ambiente e a saúde humana se descartados de forma inadequada. Essas informações despertaram a minha atenção, então resolvi procurar uma recicladora.

Aqui em Santa Catarina, uma das poucas empresas que possui licenciamento ambiental específico para o ramo de reciclagem de eletrônicos e também atende a Lei Nacional de resíduos sólidos (12.305/2010), é a Reciclagem de Eletrônicos Chapecó. E por conta desse pioneirismo, encarei o desafio de visitar a REC e conhecer seu dia a dia. 

Etapas e Processos
Mensalmente, a recicladora recebe cerca de 40 toneladas de material eletrônico nos oito ecopontos distribuídos em Chapecó, ou através das coletas – em 2017, esse montante era de 15 toneladas por mês.

Ao chegarem na unidade, esses resíduos eletrônicos passam por uma triagem, recebem uma pré-classificação e, posteriormente, são armazenados em um galpão ou desmanchados, dependendo da demanda.

“Existem as linhas: azul, branca, verde ou marrom – cada uma composta por diferentes tipos de equipamentos eletrônicos, mas na REC nós dividimos esse material da seguinte maneira: grande porte (freezer, geladeira, fogão, entre outros), linha de informática, diversos (onde englobamos boa parte dos materiais eletroportáteis), linha automotiva e linha industrial de pequeno porte”, conta o colaborador Ederson Oruoski, que também é responsável pelo setor administrativo e comercial da Reciclagem de Eletrônicos Chapecó.

Após o processo de triagem, vem o desmanche. Itens como os Discos Rígidos (os populares HDs) são completamente desmontados, podendo gerar ainda mais componentes – são mais de 10 mil itens diferentes que passam pelo processo, explica Ederson.

“No processo de desmontagem de um único HD, nós temos a placa, chapa de inox, bloco de alumínio, agulha de leitura, disco de gravação, cabo flet, imã e ferro. Nós conseguimos aproveitar várias partes de alguns tipos de eletrônicos, seja pra inserir novamente na indústria ou para reaproveitamento em algum outro tipo de equipamento”

Depois do desmanche e de uma subdivisão dos itens, o material é colocado em bags e segue para o seu destino.

“Nossa empresa é licenciada municipal, estadual e federal, então trabalhamos com material apto à exportação. Esses componentes seguem para um centro em Curitiba, e de lá para uma empresa do Japão”, explica o gerente e fundador da REC, André Corrêa, que destaca o exemplo dos asiáticos como maiores recicladores de lixo eletrônico do continente.

O Japão tem uma cultura de economia circular muito forte, onde os produtos descartados são vistos como recursos a serem recuperados. O processo de reutilização diminui a extração de elementos da natureza, economizando recursos e preservando o nosso planeta, ao mesmo tempo que garantem uma fonte inesgotável de matérias prima.

Algumas cidades do Japão separam o lixo em 45 categorias

Conscientização e Sustentabilidade
A importância do descarte correto vai muito além da questão ambiental somente. Em contato com o meio ambiente, sol ou chuva, o material acaba liberando gases tóxicos e metais pesados, por consequência, contaminando a água, lençóis freáticos ou até mesmo a vegetação, indo direto para a nossa alimentação. A exposição prolongada a esses metais pesados como o chumbo, mercúrio e cádmio está associada a sérios riscos à saúde, incluindo danos ao sistema nervoso, problemas respiratórios e aumento da incidência de câncer. Estudos indicam que a inalação de partículas tóxicas provenientes da queima de eletrônicos descartados de forma irregular pode provocar mutações celulares e desencadear tumores, tornando o descarte correto e a reciclagem essenciais para a preservação da saúde humana e ambiental.

“O resíduo eletrônico tem uma legislação e uma forma diferente de ser trabalhado. Demanda um maior cuidado, não pode ser exposto e nem armazenado em qualquer lugar. Fica o alerta para a população! Se tiverem dúvidas, podem nos procurar para mais informações, agendar coletas e dar o destino correto aos resíduos eletrônicos”, alerta André.

Mais informações e contatos da Reciclagem de Eletrônicos Chapecó:

Site: https://www.recchapeco.com.br/
Instagram: @recchapeco
Telefones: (49)3700-6241 ou (49)99915-6368

Pontos de coleta (ecopontos):

Eletrônica 21
R. Marechal Deodoro da Fonseca, 286-E
Centro
(49) 99961-0084

Unoesc
Av. Nereu Ramos, 3777-D
Seminário
(49) 3319-2600

Câmara Municipal de Chapecó
R. Marechal José B. Bormann, 320-E 
Centro
(49) 98502-6449

Secretaria de Infraestrutura Urbana
R. Sete de Setembro, 2063
Presidente Médici
(49) 3319-3600

Parque da Efapi
R. Itaboraí, 1
Efapi
(49) 99202-3480

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