Sempre que o assunto vegetarianismo surge nas nossas rodas de amigos, uma enxurrada de mitos e desinformação trazem à tona polêmicas e tabus que apenas evidenciam o quão atrasada vive nossa sociedade. Seja na questão ambiental ou nutricional, há muita inverdade e hipocrisia embasando teorias utópicas e infundadas. E é exatamente nesse cenário que eu, como jornalista – mais que isso, como vegetariano, tenho a obrigação de desmistificar esses mitos e municiá-los com informações verdadeiras e vivências práticas, que inclusive mudaram 100% a minha saúde.
Mas antes de tudo, preciso contar a vocês que a minha escolha pelo vegetarianismo vem sendo ensaiada há anos. Mas foi somente a partir de 2021 que iniciei, de fato, movimentos para melhorar a minha saúde, respeitar os animais e fazer a minha parte na tentativa de minimizar os impactos ambientais. Hoje faço parte das 625 milhões de pessoas no mundo que declaram não consumir carne bovina, suína, de frango, de peixes e outros.
Cortar a carne não foi o meu maior desafio, já que nunca fui um entusiasta ou consumista assíduo, mas a minha maior preocupação era com a anemia e os sintomas que ela poderia me causar. Então o processo foi gradual. Primeiro, parei de consumir carne vermelha. Logo em seguida, foi a vez de cortar a carne de frango, aderindo somente à carne de peixe. E quando me dei conta, já havia tirado do cardápio todo tipo de proteína animal (exceto queijo e ovos). A primeira etapa do processo só foi concluída com êxito e comemorada devidamente, após os primeiros exames de sangue. A troca da proteína animal por alimentos ricos em proteína vegetal (principalmente grão de bico, feijão e soja) me ajudaram a manter um ótimo nível da vitamina B12 – principal personagem presente nos mitos e teorias do caos que envolvem o vegetarianismo. Vale considerar também, que passei a incluir na minha dieta: oleaginosas, como castanhas e nozes, e sementes, como a de abóbora, girassol e gergelim. E de lá para cá, sigo à risca minha dieta vegetariana sem ter problemas nenhum com a ausência da carne.

Dito isso, preciso compartilhar com vocês os maiores mitos e tabus que eu tive de quebrar nessa jornada, a fim de ajudá-los a dar esse passo importante rumo à uma melhor qualidade de vida e, é claro, acesso à informação. Assim você conseguirá fazer uma escolha racional e segura.
“Quem não come carne não tem força”
Chega a ser hilário lidar com esse tipo de comentário em pleno século 21. Já falei em artigos anteriores que treino musculação há anos, e nunca atingi o nível de condicionamento que alcancei agora, aos 38 anos. Por conhecer meu corpo e meu histórico, posso atribuir essa melhora de performance à nova dieta. Passei a priorizar muito mais as proteínas – que agem diretamente na constituição muscular. Embora muita gente não leve a sério, há centenas de estudos comprovando que atletas vegetarianos se sobressaem aos que comem carne, já que seu estado inflamatório sistêmico é menor. Simplificando, quer dizer que vegetarianos ou veganos podem se recuperar de treinamentos mais rapidamente, alcançando um desempenho superior.
“Mas e a vitamina B12?”
Pessoal, é extremamente importante que você busque orientação de um profissional de nutrição antes de cortar a carne da sua dieta. Digo isso por que cada organismo reage de uma maneira quanto a ausência da proteína animal no corpo. No meu caso, reagi bem e consegui repor a proteína sem maiores problemas, mas existem indivíduos que têm dificuldade em repor a proteína. A vitamina B12 pode ser suplementada, mas por se tratar de um assunto complexo, e uma vitamina importantíssima para o nosso organismo, recomendo que tenha a supervisão e a opinião de um profissional. Existem casos onde até mesmo as pessoas que consomem um volume alto de carne precisam suplementar essa vitamina. Então não acredite em tudo que você lê por aí, pois existe muito conflito de informação no que diz respeito a B12.
Benefícios à microbiota
A microbiota intestinal é um reflexo do que comemos. Grãos integrais, frutas, legumes, verduras e leguminosas contribuem para um ecossistema microbiano saudável. Quando passei a consumir mais fibras, notei uma mudança brusca na minha digestão, que se tornou bem mais leve. Além dessas percepções positivas, a microbiota saudável pode prevenir alguns tipos de câncer.
“A proteína animal é mais completa que a vegetal”
Essa comparação existe, é real, e também é complexa. Mas vou tentar facilitar pra vocês. Em teoria, a proteína de origem animal é considerada melhor e mais completa, devido ao seu elevado valor biológico. Já as proteínas de origem vegetal têm aminoácidos limitantes, logo, faltam componentes do aminograma essencial ou são encontrados em quantidades muito baixas. Por essa questão criou-se o mito de que proteínas vegetais não são completas. Dito isso, em miúdos, é necessário combinar diferentes tipos de proteínas vegetais para obter os aminoácidos essenciais. Exemplos clássicos e que eu recomendo: espinafre e nozes, e o clássico arroz e feijão.
Agora que você já está bem informado e distante dos tabus, chegou a hora de colocar a mão na massa. Ou melhor, colocar o verde no prato e iniciar sua jornada nesse universo nutritivo e saboroso – sim, te dou a minha palavra que o vegetarianismo pode te dar água na boca! Espero ter colaborado. Até a próxima.